Diferentemente do que muitos acreditam, também existem provas de que a realidade virtual pode melhorar nossa saúde tanto mental como emocional. Hoje, quero trazer uma outra visão que talvez mude sua opinião….
Existem provas de que a realidade virtual pode melhorar a saúde tanto mental como emocional. Giuseppe Riva, Diretor do Laboratório de Tecnologia Aplicada de Neuropsicologia do Istituto Auxologico italiano, há 20 anos, estuda o uso dessa tecnologia aplicado na saúde mental. “Sabemos muito bem que, para qualquer forma de ansiedade — de simples fobias a transtorno de estresse pós-traumático ou ansiedade social e assim por diante — a realidade virtual é eficaz”, diz.
O ambiente virtual idealizado pode estimular o florescimento de emoções que alteram nosso estado emocional, mental e físico, impactando diretamente na comunicação, socialização, foco, na criatividade, memória e na felicidade. Pesquisadores já provaram que o ambiente onde estamos — e a maneira como interagimos com ele — desempenha um papel importante na forma como armazenamos nossas emoções e memórias.
Em 2014, Edvard e May-Britt Moser e Joseph O’Keefe receberam o Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta do chamado sistema GPS do cérebro. Mais recentemente, pesquisadores descobriram que a realidade virtual pode acionar esse sistema, permitindo que as memórias se formem de uma maneira diferente de quando estamos apenas trabalhando em nossos computadores.
“Ela é muito eficaz na modificação de memórias e experiências — mais do que qualquer outra tecnologia” comenta Riva.
No presente, há vários estudos tentando provar que a realidade virtual também pode curar doenças, por meio do controle das suas emoções ao enfrentar os seus medos e anseios em um ambiente simulado e totalmente controlado. Isso fica evidente no estudo que Riva realizada com pacientes que apresentam distúrbios alimentares.
Riva diz que a realidade virtual permite que você “assuma um corpo mais semelhante ao seu corpo real e, desta forma, engane seu cérebro para corrigir a distorção na sua percepção.”
Outra forma de aplicação dessa tecnologia está direcionada para tratar doenças relacionadas à saúde mental os quais os gatilhos sejam memórias ou lugares específicos. Por exemplo, essa tecnologia pode ser bastante eficaz em tratar problemas emocionais que envolvam síndrome do pânico, ansiedade, síndrome de Burnout… todas que podem estar associadas a uma experiência específica.
Assim como a realidade virtual é capaz de melhorar a saúde mental, ela também pode ter o efeito reverso. Riva se preocupa com a forma como ela será usada em um futuro não tão distante. “Ela é uma ferramenta muito, muito eficaz e convincente, portanto, o nível de manipulação que você pode alcançar nela é extremamente alto”, diz ele. A preocupação sempre está relacionada se o Metaverso pode agravar problemas já existentes, como o bullying, o discurso de ódio e a desinformação que ocorrem em mídias sociais como o Facebook, Instagram entre outras.
Em janeiro de 2021, o Wall Street Journal publicou uma pesquisa realizada pelo próprio Facebook evidenciando que o Instagram pode ter repercussões negativas em adolescentes, e que, em alguns casos, pode originar distúrbios alimentares, ansiedade, depressão e baixa autoestima.
“Agora imagine que, em vez de ler sobre algo online ou até mesmo ver fotos, você pode ter uma experiência quase real. Essa diferença tem um impacto profundo na forma como internalizamos as informações”, aponta Riva.
Nós não sabemos como será nossa futura realidade (talvez nem tão futura assim) – porém, com certeza, para algum mal que possa advir dessa interação, será o desenvolvimento da combinação inteligência e autorresponsabilidade emocional a melhor forma de aproveitar os benefícios do período de transformações o qual iremos inaugurar.
