O uso excessivo de eletrônicos — computador, vídeo game, smartphones e tablets — é cada vez mais comum entre crianças adolescentes. Desde muito pequenas, as crianças têm acesso e aprendem a manusear esses aparelhos sem nenhuma dificuldade, e este hábito pode acabar virando um vício que prejudica a saúde e a vida dos pequenos.
Rodrigo Fonseca, fundador e presidente da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBie), recomenda que os pais fiquem sempre atentos aos horários de uso e à quantidade de tempo dedicado aos tablets e smartphones. “É importante estabelecer horários e momentos para se conectar ao mundo virtual e, assim, evitar danos à saúde e à vida escolar da criança”, orienta Fonseca.
Um estudo realizado pela Academia de Pediatria dos Estados Unidos aponta que não é recomendado ficar mais de duas horas por dia utilizando eletrônicos para fins recreativos. Isso porque crianças que ultrapassam este tempo correm o risco de ficarem sedentárias e desenvolverem uma série de doenças, além de se afastarem dos amigos e das brincadeiras reais.
Outra pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas, aponta que crianças que abusam dos aparelhos eletrônicos brincam muito pouco. Como consequência, é observado um atraso no desenvolvimento infantil, visto que a criança não tem uma rotina com horários bem definidos — o que afeta o ritmo de construção do desenvolvimento cognitivo. A pesquisa foi desenvolvida com crianças entre 8 e 12 anos que ficam mais de quatro horas em frente a uma tela.
Por que o abuso tecnológico prejudica o desenvolvimento cerebral?
Até os dois anos de idade, o cérebro de uma criança triplica de tamanho, e o órgão se desenvolve rapidamente até que o indivíduo complete 21 anos. Esse desenvolvimento é determinado por estímulos ambientais, e a exposição excessiva às tecnologias afeta o desenvolvimento e pode causar déficit de aprendizagem, além de impulsividade e atraso das funções cognitivas. Os excessos de estímulos podem eliminar trilhas neurais no córtex frontal e contribuir para o déficit de atenção, diminuindo também a memória e a concentração.
Exemplo dos pais pode desencadear o vício nas crianças
Os adultos estão cada vez mais presos à tecnologia, e isso naturalmente gera uma falta de atenção com as crianças. É praticamente impossível encontrar uma pessoa que nunca tenha checado os e-mails durante um momento em família ou deixado um eletrônico com a criança para conseguir um momento de sossego.
Este tipo de atitude gera um ciclo vicioso, em que as crianças se apegam aos dispositivos eletrônicos por não terem a atenção necessária dos pais, e o hábito pode resultar em dependência ou vício em jogos.
Para evitar o problema, é fundamental estimular os filhos a participarem de brincadeiras no mundo real, o que contribui diretamente para o desenvolvimento social e motor dos pequenos. Além disso, brincar com outras crianças estimula a criatividade, promove competências afetivas e ensina valores como a importância de compartilhar e cooperar. Crie meios para que seus filhos tenham mais oportunidades para brincar ao ar livre, evitando o abuso dos eletrônicos.