A neuropsicologia é o ramo da psicologia que estuda a relação entre cérebro e comportamento. O termo Neuropsicologia foi utilizado pela primeira vez em 1913, por Sir William Osler, nos Estados Unidos. Trata-se de uma aplicação da Psicologia e da Neurologia que tem como principal objetivo relacionar as alterações observadas no comportamento da pessoa com as possíveis áreas cerebrais envolvidas.
Na Antiguidade, os gregos se tornaram os pioneiros na localização de lesões cerebrais em feridos de guerra. Pessoas que sofriam traumatismos cranianos, muitas vezes, sofriam alterações em suas funções mentais (linguagem, pensamento, memória), chegando a provocar alterações profundas no seu comportamento.
Ao longo dos séculos, a neurociência vem se desenvolvendo, e o avanço tecnológico nos dias atuais possibilita uma investigação complexa da atividade cerebral e sua relação com o comportamento humano.
Funções cognitivas e o comportamento humano
Todas as tarefas que realizamos ao longo do dia — desde respirar até ler um livro — dependem da atividade cerebral. Todos os comportamentos do ser humano, dos simples aos mais complexos, são resultado da relação e interação das principais funções cognitivas: atenção, memória, linguagem, percepção e funções executivas.
Cada uma dessas funções tem um papel importante no desenvolvimento das habilidades fundamentais para que o ser humano consiga suprir suas necessidades básicas e ser independente, tais como: ter foco para realizar tarefas, ser capaz de armazenar informações, se comunicar, reconhecer, organizar, planejar e executar tarefas e aproveitar todo seu potencial para viver e realizar seus sonhos.
Quando alguma dessas funções sofre prejuízo, a atividade cerebral e o comportamento humano são naturalmente afetados. Se uma pessoa apresenta uma desordem na função cognitiva da linguagem, por exemplo, pode passar a ter dificuldade para formular e organizar palavras, prejudicando sua comunicação.
Em crianças são avaliadas as alterações comportamentais e prejuízos no desempenho escolar, devido a fatores como dificuldade de aprendizagem, de leitura, escrita, matemática, problemas de atenção, concentração, compreensão e memória. Em alguns casos, esses prejuízos comportamentais são associados a algumas patologias, que podem ser tratadas com ajuda da Neuropsicologia.
Como funciona uma avaliação neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica é o exame detalhado das funções cognitivas. Por meio da aplicação de um conjunto de testes e procedimentos, o neuropsicólogo pode realizar a avaliação das funções cognitivas e diagnosticar os efeitos comportamentais causados por uma desordem neurológica. Assim, a avaliação neuropsicológica consegue analisar detalhadamente a relação entre o comportamento da pessoa e seu funcionamento cerebral.
Uma avaliação neuropsicológica é feita em etapas: diagnóstico, compreensão das perdas funcionais, estabelecimento de possíveis intervenções e desenvolvimento de um plano de reabilitação para cada caso. Ao longo das etapas, é importante diagnosticar quais são os prejuízos na vida da pessoa, sejam comportamentais, sejam emocionais, e identificar quais são as forças e as fraquezas cognitivas do indivíduo. A partir daí, o neuropsicólogo pode orientar quais funções devem ser reforçadas ou substituídas por outras. O objetivo é que as pessoas possam melhorar, compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades.
A Neuropsicologia na prática
Um conceito muito utilizado nas intervenções de reabilitação é o de plasticidade cerebral, que aponta que o cérebro está constantemente se moldando e se adaptando às situações e atividades executadas.
Quando fazemos algo novo pela primeira vez, o cérebro começa a criar caminhos neurais para essa atividade. Depois de alguns dias repetindo a mesma tarefa, esse caminho neural fica mais forte, funcionando automaticamente e fazendo com que a atividade se torne um hábito inconsciente — como andar de bicicleta. Por outro lado, quando deixamos de fazer algo habitualmente, tiramos a força desses caminhos neurais até que eles desapareçam. Esta é uma estratégia para se livrar de maus hábitos, como roer unhas.
Isso mostra porque é tão difícil mudar um hábito: o cérebro está tão condicionado a agir de determinada forma, que acabamos virando “escravos” deste condicionamento, uma vez que é muito mais fácil construir um caminho neural do que eliminar um caminho que já está forte. Portanto, se você deseja saber como se livrar de um hábito condicionado, saia do automático!
Como usar as vantagens do cérebro?
Existem duas maneiras de se beneficiar do método de funcionamento cerebral: criando bons hábitos e eliminando os que são ruins, ou seja, criando bons pensamentos e emoções e eliminando os maus.
Criando bons hábitos
Quando uma atividade se repete, o caminho neural ganha mais força e fica cada vez mais difícil de se quebrar. Se desejamos incluir um comportamento ou pensamento positivo em nossas vidas, precisamos apenas repeti-lo algumas vezes, até que esse caminho ganhe força e se torne um hábito inconsciente. Podemos aplicar essa ideia para incluir atividades físicas, uma alimentação saudável, pensamentos positivos, entre muitas outras coisas benéficas para a vida.
Eliminando maus hábitos
Por outro lado, se desejamos mudar um comportamento ou pensamento, precisamos tirá-los do automático, agindo de maneira consciente e contrária ao que estamos habituados. Esse caminho é um pouco mais difícil, mas pode ser facilitado: em vez de apenas abandonar uma atividade, é possível começar uma nova atividade.
Assim, as alterações cerebrais de construção e destruição dos caminhos neurais acontecerão mais rápido, já que o cérebro terá que trabalhar em dobro. Esse movimento é útil quando decidimos parar de fumar, beber, roer unhas e de pensar em algo que nos traga tristeza.
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